A Adega do Cartaxo lança novos vinhos, um Fernão Pires e um Castelão. Homenagem ou Contradição?
Olhando ao nome, parece uma homenagem, colocando em destaque a região: Tejo.
São dois novos vinhos, um branco e um tinto, ambos monocastas. Talvez aqui comece já a haver alguma discórdia, pois vinhos de uma só casta não fazem parte da nossa tradição. Contudo, Castelão é a 5ª casta mais plantada do país e Fernão Pires a variedade branca mais plantada a nível nacional, a 4ª casta do ranking nacional, sendo respectivamente, a casta tinta e branca mais plantadas da região1, portanto, mais uma vez, uma homenagem ao Tejo.
Curioso ou não, o branco tem mais idade do que o tinto, um pouco uma antítese daquilo que é o comportamento geral do mercado, colocando no mercado um tinto mais jovem do que um branco. Também curioso o facto do branco ser estagiado em madeiras e o tinto vinificado exclusivamente em inox. Outra contradição? Penso que não, apenas irreverência e reflexo do estilo de vinho pretendido.
E ainda acrescento mais, para todos aqueles que pensam que as cooperativas não têm capacidade de criar vinhos de qualidade, têm aqui mais um bom exemplo do contrário, ou seja, que é possível ter vinhos de qualidade e diferenciados nas adegas cooperativas que são competentes e que querem fazer um trabalho de qualidade.
Partilho as notas de prova dos vinhos.
Adega do Cartaxo 2022 Tejo Fernão Pires
Um branco de cor palha evidente, resultado da maceração pré-fermentativa a que foi sujeito. Aromático, fruta madura, quase tropical, mas com um toque de frescura cítrica e de baunilha, nota floral a surgir mais tarde, tudo muito limpo e puro. Um vinho estruturado, com concentração e ligeiro tanino, leve tostado da barrica, muito equilibrado e persistente. Para se consumir a temperaturas mais elevadas, a rondar os 12ºc. Nota: 17,5. PVP: 14,50€
(Álcool 12,85% | Acidez 6,0g | Açúcar 0,2g | pH 3,37)
Adega do Cartaxo 2023 Tejo Castelão
Cor de intensidade média, resultante de um processo de pouca extracção, na procura de um perfil mais ligeiro. Aromático, notas de fruta vermelha, ginja, nota terrosa. Moderado no corpo e volume, é um vinho de tanino fino, tem frescura e um leve toque vegetal, frescura presente e uma boa persistência. Um tinto para se consumir ligeiramente refrescado, por volta dos 14ºc. Nota: 17. PVP: 14,50€
(Álcool 13,50% | Acidez 5,30g | Açúcar 1,0g | pH 3,45)
Vinhos e Aguardentes de Portugal - Anuário 2022, Instituto da Vinha e do Vinho