Em Vila de Frades, bem como em muitas outras terras alentejanas, as tabernas foram desaparecendo, mas há quem queira manter viva essa tradição.
Vila de Frades é uma localidade do concelho da Vidigueira, terras de boa gente e bom vinho, não fosse considerada a capital do vinho de Talha. Onde há vinho tem de haver comida, e as tabernas eram espaços informais onde se podia beber um copo e petiscar, na companhia do cante alentejano que acontece de forma espontânea entre os visitantes da terra.
“Vila de Frades, já não tem abades mas tem Adegas que são Catedrais, os seus palhetes são uns brilharetes, são de beber e chorar por mais“
Tanto o vinho de talha como as tabernas estiveram quase a desaparecer, mas há quem acredite em ambos. Se o Vinho de Talha já recuperou alguma da sua tradição e hoje é uma realidade na região e fora dela, as tabernas também parecem querer voltar a aparecer, e a A Taberna do Enteiriço é uma prova disso.
Localizada no centro da vila, junto ao Largo Doutor José Valentim Fialho de Almeida, é um espaço modesto, com um balcão à entrada a convidar a beber um copo e petiscar, mas também com uma zona com mesas onde podemos sentar e ter uma refeição mais demorada.
Tive oportunidade de visitar recentemente, e partilho algumas notas.




Farinheira com ovos
Uma entrada quente, um prato simples, tradicional, ovos mexidos com uma generosa mas equilibrada dose de farinheira, muito saborosos e bem confeccionados.
Queijo de Serpa, ovo estrelado e alcaparras
Queijo de Serpa com tostas finas e estaladiças, conjugado com o salgado da alcaparra e o doce da gema, uma boa combinação.
Cação frito com toucinho
Um belíssimo prato, cação frito, carnudo, com uma polme fresca, cítrica, crocante.
Belíssimo momento, sabores tradicionais
Picapau da Vazia
Tiras de vitela, mal passada, com um molho mostarda, com soja, alho, salsa, …
Um prato viciante, não se esqueçam do pedir pão!




NaTalha 2022 palhete
O palhete, como é referido na moda já aqui citada, é um dos “brilharetes” da terra e é um vinho não só muito fácil de se beber como é também muito versátil à mesa, pelo que, foi a solução encontrada para tentar conjugar todos os diferentes momentos.
Cor rosada, com tom cobre, um vinho com aroma terroso, férreo, um vinho seco, com frescura bem presente, pouquíssimo tanino, uma espécie de rosé com mais estrutura, com a complexidade e carácter da talha.
Uma espécie de “vinho da casa”, não fosse João Enteiriço, o responsável pelo espaço, companheiro de Teresa Caeiro, a produtora dos vinhos Gerações da Talha, um casal que trabalha junto nas duas vertentes: Vinho e Gastronomia.
A visitar, regressarei para provar alguns pratos, como a sandes de bochecha