O produtor Quinta das Bágeiras dispensa apresentações, pelo menos entre enófilos, contudo, este vinho não pode passar despercebido.
Os sinónimos das castas é algo relativamente complexo e facilmente gera confusão entre os consumidores, e este caso é um dos mais paradigmáticos disso. Cercial não é a mesma casta que a Cerceal (com “e” no segundo “c”), e também não é a mesma coisa que o Sercial (com “s” em vez de “c”).
Segundo o catálogo “Castas de Portugal”, publicado pelo IVV, a casta Cercial é uma casta tradicionalmente cultivada na Bairrada, resultado de um cruzamento natural das castas Malvasia Fina com a Sercial. O Cerceal (Branco) é uma outra casta, tradicionalmente cultivada no Douro e no Dão. Por fim, a Sercial, também conhecida como Esgana Cão, é plantada a norte do país, bem como em Bucelas e na Madeira. Confuso? É razão para isso.
Contudo, esta minha publicação não se deve à questão da ampelografia (estudo das vinhas) mas sim à nota de um grande vinho que tive oportunidade de provar recentemente: Quinta das Bágeiras 2021 Cercial.
A região da Bairrada já é sobejamente conhecida pelos seus vinhos, mas não é nada vulgar um monocasta Cercial. Para além disso, este exemplar é de uma qualidade excepcional, um dos melhores brancos que já tive oportunidade de provar deste produtor, seguramente entre os melhores da região e do país.
Um grande vinho, jovem mas já com complexidade e alguma evolução, frescura com um toque de cera de abelha, fruta discreta, barrica muito bem integrada, um vinho bem seco, muito persistente, com textura suave, com cremosidade. Apenas 1.142 garrafas numeradas. PVP: 56€. Nota: 19