Quando a tradição se alia à inovação, é um dos motes aplicados na Herdade da Fonte Santa, propriedade localizada no Alto Alentejo, próxima do Vimieiro, onde se produzem os vinhos e azeites Mainova.
Dos cerca de 200ha da propriedade, 90ha estão dedicados ao olival e 20ha estão dedicados ao vinho. Antes de ir ao vinho, uma nota para o azeite, de grande qualidade, feitos com extracção a frio de várias variedades tradicionais na região.
Falando da vinha, esta foi plantada em 2010 e está em regime biológico e de protecção integrada. As terras estão localizadas fora da DOC Alentejo, pelo que, todos os vinhos só podem ser certificados como Regional Alentejano.
Falando de castas, há algumas que são invulgares para a região, como a Encruzado ou a Baga, que se juntam a outras mais tradicionais na região, como o Antão Vaz, Arinto ou Verdelho nas castas brancas e Alicante Bouschet, Trincadeira, Castelão ou Touriga Nacional nas tintas.
O portfolio de vinhos é bastante alargado, com quatro gamas, sendo que algumas das propostas são arrojadas, como o monocasta Baga ou o monocasta Encruzado, castas invulgares na região, ou os curtimentas, um estilo que poucos produtores produzem. Os Mainova são os gama de entrada, os Mainada são os monocasta, os Milmat são uma gama intermédia de vinhos de lote e os Matremilia são os topo de gama da casa.
Falando de enoturismo, há vários programas disponível, inclusive um muito interessante do ponto de vista enogastronómico que é o “Mainova à Mesa”, um programa que para além das habituais visitas à vinha e adega inclui também um almoço preparado pelo Chef João Narigueta (veja aqui a entrevista feita com o Chef), do restaurante Híbrido (veja aqui a minha visita ao restaurante), com harmonização de vinhos Mainova.
Foi num desses almoços que tive oportunidade de provar alguns vinhos do portfolio da casa, dos quais partilho aqui nota de prova:
Verdelho 2023
Regional Alentejano (12,5%)
Aroma de fruta fresca, notas tropicais e cítricas, um vinho seco, de perfil fino, moderado no volume, com boa persistência e uma boa acidez. PVP: 12,70€ Nota: 16,5
Milmat 2020 branco
Regional Alentejano (12,5%)
Lote das castas Arinto, Verdelho, Encruzado e Antão Vaz, com 12 meses de estágio barrica.
Perfil redutivo, madeira presente em fundo, alguma fruta fresca, um vinho cremoso, com muito equilíbrio, boa acidez e persistência.
4932 garrafas produzidas, com PVP recomendado de 23,50€. Nota: 17,5
Belíssima relação qualidade / preço.
Mainova 2022 Trincadeira Preta
Regional Alentejano (12,5%)
Sem estágio em madeira, um monocasta com origem uma pequena parcela, pouco produtiva.
Aromático, notas de cereja, toffee, algum fumo, um tinto com pouco tanino, leve vegetabilidade, controlado no álcool, boa frescura, um belíssimo Trincadeira.
Cerca de 500 garrafas, com PVP recomendado de 29,50€. Nota: 17,5
Baga 2021
Regional Alentejano (14%)
Tinto de cor aberta, aroma terroso, com ginja e um leve volátil.
Volumoso mas de textura fina, boa acidez. PVP recomendado de 24€ Nota: 17,5
Milmat 2020 tinto Reserva
Lote das castas Alicante Bouschet, Touriga Nacional, Baga
Regional Alentejano (14,5%)
Cor intensa, aromático, nota química e terrosa, fruta preta, leve volátil, madeira muito discreta com um toque de fumo.
Um tinto seco, com volume e estrutura, bem fresco, denso, tanino bem fino, muita persistência.
4.012 garrafas produzidas, com um PVP recomendado de 35€. Nota: 18
Em conclusão, um produtor recente que tem um portfolio muito interessante e com foco na qualidade, um perfil moderno do Alentejo, não só nas propostas feitas como no perfil dos vinhos, muitos deles com um nível de extracção relativamente baixo e com maturações controladas para controle da acidez. Um projecto que merece atenção, que tem dado e que vai continuar a dar que falar…