O nome pode indiciar um restaurante vegetariano, mas não se deixem enganar. O Flora é um restaurante que se preocupa com a sustentabilidade e com o respeito pela Natureza, que só trabalha menu de degustação, e com lugares muito limitados.
Localizado na zona histórica da cidade de Viseu, na rua Grão Vasco, a escassos metros da Sé Catedral de Viseu. É um espaço moderno, com uma decoração minimalista, e com apenas 16 lugares, aberto apenas ao jantar, de quarta-feira a sexta-feira, sábado ao almoço e jantar.




A carta reduz-se a dois menus de degustação, de 6 e 8 momentos, a 45 e 65€, respectivamente.
Nas bebidas, uma carta de vinhos focada em vinhos de produção biológica e biodinâmicos, alguns “naturais”, sobretudo nacionais mas com alguns internacionais. bem como cervejas e cidras. Não há pairing de vinhos para acompanhar os menus.
Optei pelo menu de 6 momentos, que aqui partilho.




A refeição começa com o pão de fermentação lenta, de produção própria, bem como a manteiga que o acompanha.
Primeiro momento, uma tartelete de berbigão com creme de pinhão e chipotle. O picante é evidente, berbigão morno, massa muito fina da tartelete a dar uma leve crocância, o sabor intenso do pinhão a surgir no final, com o toque resinoso a dar prolongamento e ainda mais camadas de sabor. Uma combinação interessante, difícil para um qualquer vinho seco (pelo picante), uma explosão de sabor para o palato. Dose pequena mas intensa.
Segundo momento, Brioche, chutney de figo, patê de fígados de frango, uva, pele de frango tostada e trigo sarraceno tostado. Um patê saboroso, em cima de uma fina camada de brioche, doce, a frescura delicada da uva e a crocância da pele de frango e do trigo. Um conjunto guloso, muito saboroso, momento de pura gula.
Terceiro momento, uma Papas de milho com gamba da costa, picle de alga. Um pouco de conforto, parece à partida, mas não é nada disso. Tem vinagre a dar uma frescura pronunciada, tem alguma doçura, a gamba levemente curada, as papas são feitas com um caldo das próprias gambas, um prato peculiar.




Quarto momento, bacalhau confitado, brandade, pil pil com alga. Que belo bacalhau, confitado até lascar, saboroso, com um delicioso e fresco pil pil verde, da alga que acompanha o prato, tudo sobre o conforto de uma brandade. Ainda é possível reinventar e criar pratos de bacalhau.
Quinto momento, o último momento salgado, vazia com 30 dias, molho de cenoura fermentada, estargão, couve kale. Carne no ponto, a folha da couve crocante, reservem um pouco do pão inicial para terminarem este prato.
Exceptuando a sobremesa, toda a refeição foi acompanhada com um vinho rosé da Casa de Mouraz, um rosé da região, um vinho seco, não muito impositivo e com frescura, que foi fazendo boa companhia em diversos momentos.
Por fim, o sexto e último momento deste menu, a sobremesa, com bolo de pralinê, mousse de chocolate branco, puré de maçã fumada, gelado de feno. Não sou fã de pralinê mas gostei da sobremesa, muito equilibrada, doce qb, fresca, cheia de elementos. Um bom final.
Foi acompanhado com um copo de Porto Branco 10 Anos da Andresen. Cor intensa, algum fruto seco, pêssego em calda, geleia, alguma madeira, um vinho intenso, doce, untuoso.
Um menu muito equilibrado, com uma quantidade adequada, serviço rápido (1h45m desde a entrada até ter terminado o menu). O ambiente é relativamente descontraído e informal, até a música ambiente tem o mesmo espírito alternativo. O serviço é atencioso apesar de ser prestado por apenas uma pessoa para toda a sala. Boa surpresa, a regressar!