Um dos preços a pagar pelo turismo é a especulação, não só a imobiliária mas também de vários outros sectores de actividade, como por exemplo a hotelaria e a restauração.
Nos grandes centros urbanos, onde o turismo é exacerbado, é difícil almoçar por preços acessíveis para quem procura refeições de forma diária (ou recurrente), refeições simples mas completas e correctas, e rápidas pois a hora de almoço é normalmente curta para grandes deslocações ou tempos de serviço demorados).
É aqui que entra a restauração tradicional, que sempre existiu nas grandes cidades, junto das zonas mais movimentadas, de escritórios e de serviços, com menus do dia, um prato, bebida e café, com suplementos para a entrada e/ou sobremesa, são muitas as combinações.
Muita desta restauração desapareceu para dar lugar aos restantes mais turísticos, com as pizzas, os hamburgers, o ramen o sushi, e claro, os brunchs, pelo que, fica cada vez mais difícil encontrar estes locais de comida simples e tradicional, a preços mais modestos.


Ando estes dias pelo Porto, por ocasião das provas para o meu guia de vinhos da região dos Vinhos Verdes, e quis o destino que me cruzasse com a Casa Bragança, no centro da cidade, muito próximo dos Clérigos, na zona velha da cidade.
Preço do menu do dia: 10€! Entrada, prato principal, bebida e café. Comecei com uma patanisca, passei para uns filetes de pescada com salada russa, bebi uma cidra e terminei com um café. A qualidade da comida era excepcional? Não. O ambiente era tranquilo, com um serviço cuidado? Não. A carta de vinhos e respectivo serviço era de qualidade? Nem vi a carta, mas duvido. Então, porque falo desta diária? Precisamente pela diária, pela oferta cada vez mais escassa deste tipo de serviço, destes locais que durante décadas alimentaram a classe trabalhadora das cidades, verdadeiras instituições que merecem respeito.